quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Relatório – Seminário: Literatura e Colonização


Por Astromônico Santana Lima

O presente Relatório faz parte integrante de atividade complementar da Disciplina Temas de História de Sergipe I, ministrada pelo Profº. Dr. Antônio Lindvaldo Sousa, e tem como desiderato inferir o nosso entendimento sobre a importância do Seminário em tela, ocorrido no dia 17 de novembro de 2011, na Didática 3 – sala 110 – da UFS, cujo tema foi presidido pelos acadêmicos em História Licenciatura Noturno – Luciano Filho, Mislene Batista, Maria Aline Matos, Mayra Santos, Taís Danielle e Magno Costa, os quais se utilizaram de recursos oral, folder e vídeo.
A equipe de seminaristas, logo após a exibição de um bom vídeo sobre o entrelaçamento e/ou relação entre a literatura do nosso Estado e seus autores de grande expressão, como Felisbelo Freire, Pires Wynne, Felte Bezerra, Maria Thetis Nunes e Ilma Fontes, enfatizou sobretudo “A Fúria da Raça”, de Ilma Fontes, a qual elaborou essa obra em quatro anos, após um árduo trabalho de pesquisa, principalmente no Museu do Índio (RJ), tendo sido concluída em 1987.
 Fizeram questão de dimensionar um pouco da emoção que deixa transparecer a aludida obra, a qual, a priori, foi projetada para ser uma produção de cinema. Ela relata a ação dos nativos ante o estado bélico que fora implementado pelo colonizador, que aspirava a dominação das terras de Sergipe. 
 Não obstante as críticas (na nossa opinião construtivas) tecidas pelo professor Dr. Antônio Lindvaldo Sousa no tocante à forma que estava sendo conduzida o seminário, adentrando - os seminaristas - muito no aspecto biográfico dos autores sergipanos, e não na abordagem da literatura sergipana, os seminaristas cumpriram eficazmente a sua explanação do seminário, e nos mostraram a importância da historiografia literária Sergipana, desmistificando a idéia do colonizador de que o índio era simplesmente um bárbaro ou um animal selvagem. 

Relatório - Visita Técnica - Parque Histórico do Garcia D'Ávila


UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE – UFS
Curso: História – Licenciatura Noturno / 2011.2
Profº. Doutor Antônio Lindvaldo Sousa
Acadêmico: Astromônico Santana Lima
  
O presente Relatório refere-se à visita técnica, ocorrida no dia 19 de novembro de 2011, no Parque Histórico Garcia D’Ávila, localizado no município baiano de Mata de São João, como atividade complementar da Disciplina Temas de História de Sergipe I ministrada pelo Profº. Doutor Antônio Lindvaldo Sousa, e tem como objetivo manter viva a historiografia brasileira e sergipana.
Entrada do Complexo do Garcia D'Ávila
foto Márcia Sierra
Saímos do Posto Jardins – Aracaju/SE, às 05 h 15m, e nos dirigimos ao Posto de gasolina da Rodoviária Nova, onde de lá seguimos para o nosso destino, qual seja o Parque Histórico Garcia D’Ávila.
Engenho - Santa Luzia do Itanhi
foto Márcia Sierra
Durante o caminho passamos por dois engenho que foram importantes para a história do Estado de Sergipe, sendo que o Profº. Antônio Lindvaldo nos relatou o contexto histórico de cada um dos engenhos que ficam localizados no município de Santa Luzia do Itanhi/SE.
Alunos do 1º ônibus
foto Márcia Sierra
Chegamos ao Complexo do Garcia D’Ávila às 09h 50m, e nos dirigimos para um salão, onde o Profº. Doutor Antônio Lindvaldo ministrou uma aula sobre quem foi o Garcia D’Ávila e a importância da família para a história.
Aula do Prof. Antônio Lindvaldo
foto Márcia Sierra
Ao sairmos do salão fomos para a figueira centenária onde nos sentamos e ouvimos o Profº. Doutor Antônio Lindvaldo, nos contar um pouco mais sobre a importância do local visitado, após a exposição histórica do professor, fotografamos o Complexo histórico do Garcia D’Ávila e pudemos constatar que embora seja uma construção antiga preserva suas características da construção, sendo que a capela N. S. da Conceição é muito bem conservada.
Prof. Lindvaldo e alunos reunidos no anfiteatro da Figueira
 foto Márcia Sierra
O Parque Histórico Garcia D’Ávila, compreende a Capela Nossa Senhora da Conceição, as ruínas do Castelo e a Casa da Torre de Garcia D’Ávila. Segundo afirmado pelo Profº. Doutor Antônio Lindvaldo, o Castelo é uma construção da época da colonização, e possui as características de um castelo medieval, além de ser o único castelo com o estilo medieval em toda América Latina.
2º Pavimento do Castelo
foto Márcia Sierra
Importante destacar que o castelo foi estrategicamente construído no alto para proteger as terras, pois o local possui uma vista privilegiada por ficar no alto e ser possível visualizar o mar.
Ao lado da árvore centenária tem uma capela, casa e castelo. O castelo é um símbolo de poder e riqueza dos D’Ávilas. Eles não só investiram para dominar as terras indígenas, criar gado, como tinham o privilégio de fazer parte de quase todas as decisões de Salvador.
Ruínas do Castelo
foto Márcia Sierra
Reza a lenda que o castelo é mal-assombrado. Isso serve para instigar a sua curiosidade e reservar um tempo na sua agenda para visitá-lo e dirimir eventuais dúvidas a esse respeito.
Particularmente, tiramos algumas fotos que podem ratificar toda essa lenda. Vale a pena verificar in loco todo esse mistério e beleza do castelo e seu entorno, que pertenceu a família Garcia D’Ávila. 

Relatório - Seminário – Jesuítas e a Colonização de Sergipe


O presente Relatório faz parte integrante de atividade complementar da Disciplina Temas de História de Sergipe I, ministrada pelo Profº. Dr. Antônio Lindvaldo Sousa, e tem como escopo inferir o nosso entendimento sobre a importância do Seminário em tela, ocorrido no dia 15 de outubro de 2011, na Fazenda Tejupeba, no município de Itaporanga D’Ajuda/SE, cujo tema foi presidido pelas acadêmicas em História Licenciatura Noturno – Marise Isabel Dantas Souza, Josicarla Machado, Valéria Araújo e Vanessa Gonçalves.
A equipe de seminaristas, acima aludida, utilizando-se de recursos oral e folder, abordou a temática de forma coerente e plausível, deixando patente a participação dos jesuítas no processo de catequização dos índios e a colonização de Sergipe.
Os jesuítas vieram ao Brasil em 1549 na expedição chefiada por Tomé de Souza. Eles se expandiram por todo o território brasileiro com a missão de catequizar e educar os índios. Ressalte-se que essa ordem regular de expansão era subordinada ao Estado português, conforme os preceitos do Padroado Régio. Nesse sentido, GLÓRIA KOK evidencia que “as almas e as riquezas materiais configuram-se como integrantes de um projeto único: o de enriquecer a Metrópole espiritualmente com as almas e financeiramente com as benesses fornecidas pela natureza” (KOK, 2001, P. 76).
A concepção missionária da Companhia de Jesus no Brasil colônia era transformar índios, através do ensino, em bons cristãos. Instruí-los  nos  hábitos  de  trabalho  dos  europeus,  e transformá-los em cidadãos flexíveis a coroa Portuguesa.
É inegável que a chegada dos jesuítas em nosso território está relacionada com o movimento da Reforma Protestante, liderado por Martinho Lutero, de grande repercussão, que redundou na motivação da Igreja Católica a dar início a Contra-Reforma. Assim, a forte expansão do movimento de catequese pelos jesuítas aqui no Brasil - grande colônia Portuguesa - ocorreu certamente como uma reação ao crescimento da influência das idéias luteranas, tendo como objetivo combater a expansão do protestantismo e as críticas Reformistas.
No Estado de Sergipe, a presença da Companhia de Jesus é datada de 1575, e foi comandada pelo padre jesuíta Gaspar Lourenço, o qual construiu várias igrejas, expandiu a catequese, e introduziu símbolos e rituais da Igreja Católica no dia a dia dos índios. Dentre as missões constituídas por Gaspar Lourenço, podemos citar: São Thomé, Santo Inácio e São Paulo, obtendo o apoio dos grandes caciques Serigi, Surubi e Aperipê.   
Gaspar Lourenço quando adentrou as terras de Sergipe tinha 40 anos de idade e foi discípulo do Pe. Jesuíta José de Anchieta. Portanto, ele não poderia ser considerado um neófito. Um dos seus expedientes para atrair os índios era a música, catecismo e diversos rituais cristãos.
Note-se que no ano de 1576 a fase inicial de catequização dos índios por parte dos jesuítas tornou-se extremamente dramática e, certamente, interrompida provisoriamente, uma vez que o então governador da Bahia, Luiz de Brito, veio a Sergipe confrontar-se com os índios e as conseqüências dessa empreitada militar não foram nada satisfatórias para a Companhia de Jesus, em que houve, além do extermínio de muitos índios, a escravização de mais de 1000 gentios, sendo os mesmos transportados para a Bahia. As esperanças catequéticas dos jesuítas em nossas terras só foram retomadas em 1590, com Cristóvão de Barros. Nessa volta a Tejupeba, os jesuítas tinham a intenção não só de catequizar os índios como também de criar gado.
Não por acaso, a localização de Tejupeba foi planejada pela proximidade com o rio Vaza-Barris e pelo monte, onde foi construída a igreja. Por ser uma área mais elevada da região, facilitava a visualização da chegada de inimigos, que vinham para atacar a fazenda. No tocante ao alusivo rio, caso algum barco se aproximasse do local os jesuítas tinham a visão geral da área e do seu inimigo, uma vez que estavam em pontos estratégicos. Tejupeba muito se destacou, no cenário nacional, mormente pela construção de embarcações, visto que a região era formada por mata que possuía madeiras de boa qualidade, e muitos jesuítas, inclusive, eram especialistas na construção de barcos.
A arquitetura da Fazenda segue os padrões das construções dos jesuítas e o seu poderio arquitetônico. Após a expulsão dos jesuítas, pelo Marquês de Pombal, em 1759, a Fazenda Tejupeba passou a ser engenho, e em 1764 as terras foram arrematadas por Nicola Mandarino, em 1920 o proprietário tomou posse e deu o nome de Fazenda Iolanda, em homenagem a uma de suas filhas. A mesma foi tombada em 1943, no entanto, evidencia-se a ausência de preservação.
As terras que pertenciam aos jesuítas foram-lhes doadas pelas sesmarias. Assim, construíram um complexo arquitetônico formado pela igreja Nossa Senhora de Lourdes,  pelo Colégio, que servia como referência Cristã. A Fazenda foi arrematada no transcurso dos anos pelas famílias Dias, Coelho, Melo e Mandarino. 
Os jesuítas atuaram em Sergipe, a princípio, como catequizadores, depois como fazendeiros. E, em outro momento, de pouca relevância, na plantação da cana de açúcar, no final do Século XVIII. A expulsão dos jesuítas ocorreu em 1759 com a Carta Régia do Marquês de Pombal, que determinava a prisão de um padre em Tejupeba e dois em Jaboatão, finalizando o processo de expulsão e participação dos jesuítas em Sergipe e que todas as terras que eram dos jesuítas passaram para particulares.
Isso aconteceu na época em que a Europa vivia a fase do iluminismo, onde propagaram a concepção de que a Igreja trazia as trevas e, por conseguinte, os religiosos deveriam ser expulsos do campo educacional.
Em Portugal, o Marquês de Pombal é considerado um dos grandes heróis, uma vez que tentou varrer, não só de Sergipe, como do Brasil, todos os jesuítas.
Ante o exposto, podemos inferir que esse seminário foi bastante profícuo para ampliação dos nossos conhecimentos acerca dos jesuítas e a colonização de Sergipe.


Relatório - Seminário - Garcia D'Ávila e a Colonização de Sergipe

Por Astromônico  Santana Lima.

O presente Relatório faz parte integrante de atividade complementar da Disciplina Temas de História de Sergipe I, ministrada pelo Profº. Dr. Antônio Lindvaldo Sousa, e tem como escopo inferir o nosso entendimento sobre a importância do Seminário em tela, ocorrido no dia 22 de novembro de 2011, na Didática 3 – sala 110 da UFS, cujo tema foi presidido pelos acadêmicos em História Licenciatura Noturno – Crécia Maria, Jorge dos Santos, José Souza e Tony Alan.
A equipe de seminaristas, acima aludida, utilizando-se de recursos oral, vídeo e folder, abordou a temática de forma coerente e plausível, deixando patente quem foi Garcia D’Ávila, a sua chegada ao Brasil, a importância da casa da Torre, e as nove gerações da família D’Ávila.
Garcia D’Ávila chegou ao Brasil na mesma expedição de Tomé de Sousa, em 1549. Consoante a historiografia, ele era filho bastardo de Tomé de Sousa e, por conseguinte, obteve privilégios, regalias e proteção desde o princípio de sua trajetória.
Teve, a priori, uma função burocrata de almoxarife. Em seguida, por ser uma profissão mais lucrativa, deliberou ser senhor de engenho, porém não logrou êxito e decidiu ser criador de gado. Aos vinte e quatro anos era considerado um dos homens mais abastados e poderosos da região, indubitavelmente porque recebia todo auxílio e guarida de Tomé de Sousa.
Portanto, ressalte-se, estão inteiramente entrelaçadas - graças ao elevado grau de parentesco e seus conseqüentes privilégios - as histórias de Garcia D’Ávila e Tomé de Sousa.
A família Garcia D’Ávila, em pouco tempo, constituiu-se em uma das famílias mais poderosas da Bahia e do Brasil. Tão-somente na década de 1940 do século XIX essa família entrou em decadência. O seu domínio se estendeu desde o século XVI até o século XIX. Assim, enquanto existiu o morgado a família dominou.
Parque Histórico Garcia D'Ávila
foto Márcia Sierra
Registre-se que o morgado tratava-se de uma lei criada para que apenas o filho primogênito pudesse receber a herança. Se o filho primogênito recebesse a herança só haveria uma pessoa como herdeiro. Se tivesse mais de um herdeiro a propriedade poderia sucumbir. Uma forma de perpetuar o poder das terras, o poder político, o domínio do castelo, das terras, do gado etc era mantendo a lei do morgado. Quando a lei do morgado desapareceu no século xix e quando o último do D’Ávilas não teve filho, ou seja, não teve herdeiro, a herança passou para parentes próximos e em decorrência disso começou a se fragmentar, dividir o patrimônio, perdendo, assim, todo o domínio que até então havia sobre as terras. Hoje, o local onde fica o castelo Garcia D’Ávila é uma propriedade privada pertence a Otávio Nunes (não tem nada a ver com os D’Ávilas). Embora seja um bem tombado desde 1939, percebe-se que carece urgentemente de uma restauração, mormente no castelo, que se encontra em ruínas. O mesmo se localiza na Mata de São João/BA, que era uma região indígena e fazia parte da missão dos jesuítas.
A família D’Ávila teve início construindo uma relação de parentesco entre brancos e índios e esses índios passaram a ser os trabalhadores e os defensores do patrimônio, formando um exército.
Garcia D´Ávila tinha como inimigos os jesuítas e os capuchinhos. Os Carmelitas sempre foram seus aliados e por conseqüência foram os primeiros a receberem terras na briga em Sergipe contra os jesuítas.
A primeira relação que se tem é como os índios. Ele tinha a mulher legítima e tinha relação sexual com uma índia e surge então a primeira herdeira porque a mulher dele não podia ter filhos. Então essa aliança garantiu um exercito particular e a continuação. Essa família no decorrer de sua ascensão vai fazer parte da lei do morgado e é através dessa lei – que só o filho primogênito pode receber a terra – que deserdaria qualquer um que casasse fora do eixo da família. Havia casamento de sobrinha e tio para garantir a propriedade. Também a garantia de parentesco entre si garantia esse patrimônio.
Os D’Ávilas, a começar por Garcia D’ávila, fizeram investimento em dinheiro e em muitos trabalhadores, inclusive índios para construir o castelo, que simboliza todo o poder dessa família. É monumental até hoje. A vista pelo mar nós temos a idéia de que o castelo é uma representação simbólica do poder e é também uma casa forte de defesa, não foi construído à-toa, está em um local elevado, onde se pode visualizar o mar, e onde se poderia ter estratégia para se defender de eventuais ataques dos índios, dos franceses e holandeses. O castelo no período colonial tinha duas funções, a de moradia da aludida família e a de defesa.
Castelo Garcia D'Ávila e Capela N. S. da Conceição
foto Márcia Sierra
Ressalte-se que é o único castelo da América Latina que tem estilo medieval. A protetora é Nossa Senhora da Conceição, Padroeira de Portugal e de muitos municípios brasileiros.
Ante o exposto, podemos inferir que esse seminário foi bastante proveitoso e esclarecedor para enriquecer os nossos conhecimentos acerca da família Garcia D’Ávila, o castelo e a colonização de Sergipe.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Resumo do filme "Avante Camaradas"

AVANTE CAMARADAS

Por Astromônico Santana Lima


“Num filme o que importa não é a realidade, mas o que dela possa extrair a imaginação.” Charles Chaplin

Avante Camaradas, trata-se de um filme de curta-metragem, tipo documentário-ficção, produzido no Brasil em 1986, com roteiro e direção de uma cineasta francesa, que, inclusive, já residiu neste País por uma década, cuja temática versa acerca do surgimento da música revolucionária Avante Camaradas, composta para homenagear a Coluna Prestes, e como a mesma passou a integrar o hino das Forças Armadas deste País, deixando sutilmente transparecer a importância do episódio – Coluna Miguel Costa-Prestes, ou simplesmente Coluna Prestes – a qual teve como principais integrantes: Luís Carlos Prestes, Juarez Távora, Miguel Costa e João Alberto. Seu principal desiderato era percorrer todo o interior brasileiro para disseminar o ideal revolucionário e proceder à conscientização da população rural, para que a mesma enfrentasse o domínio altamente exploratório exercido até então pelas elites “vegetais”.
Ademais, os revolucionários alimentavam a esperança de despertar para si a atenção do governo para que assim pudessem emergir novas revoltas nas cidades e/ou centros urbanos. O presidente naquela época era Artur Bernardes (1922-1926), símbolo de retrocesso para o Brasil e estopim do movimento tenentista. O governo Bernardes pode ser classificado como extremamente ditatorial, que manteve - sob estado de sítio - a suspensão das garantias constitucionais ao longo de todo o seu mandato, censurou a imprensa, mandou prender e deportar seus adversários para a Amazônia.
Quanto à cineasta supracitada - Micheline Marcelle Bondi - é natural de Nice, na França. O seu nascimento ocorre no ano de 1948. Vem trabalhar, como jornalista, no Rio de Janeiro, em São Paulo e Salvador, em 1969. Roteirista de histórias em quadrinhos (Madri, 1971). Faz contato com pessoal da Escola de Cinema Experimental da Universidade de Vincennes (França). Volta ao Rio de Janeiro em 1978 e faz curso de cinema no Parque Lage, com o diretor de fotografia Fernando Duarte e Sérgio Santeiro. Dirige os curtas: Um morto no exílio (co-direção de Daniel Caetano, 1978) e Avante Camaradas (1986). Pesquisa o movimento camponês entre 1940 e 1964 em periódicos, entrevista os políticos Cid Sampaio e Gregório Bezerra, e os padres Crespo e Mello. Registra em documentário longa, feito em 16 mm e em cores, o Recife e a Zona da Mata pernambucana, abrangendo a volta dos exilados, com narração dos próprios, incluindo Miguel Arraes e as eleições de 1982 (Depoimento do autor). 1982 – De Pernambuco falando para o mundo (Maralto PC).
Cumpre-nos enfatizar alguns aspectos técnicos do retromencionado filme, a saber: produção Embrafilme, Micheline Bondi, Tabas Comunicações; elenco Rita Santos Machado, Álvaro Vianelli, Amil Abinasser, Carlos Bini, João Carlos Teixeira, João Curty, Mário Castillo Jr, Neilton Lima, Paulo Jordão, Rita Ramos Machado, Sérgio Alexandre; narração Jorge Ramos; edição de som e montagem José Moreau Louzeiro; fotografia César Morais, Gilberto Otero; música Antonino Espírito Santo; idioma português; origem Brasil (RJ); cor p/b; bitola 35 mm; duração 15 min 30 s; roteiro e direção Micheline Bondi. Foi contemplado, entre outros, com o Prêmio de Melhor Curta-Metragem Júri Oficial do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro 1987; Prêmio Paulo Emílio Salles Gomes – XVI Jornada Internacional de Cinema da Bahia, 1987; Prêmios do Júri Popular, Imprensa e o troféu Macunaíma.
No bojo do filme em epígrafe, percebe-se que é extremamente necessário que nos reportemos à década de 1920, para que possamos compreender que o Brasil retratado pelo filme atravessava um momento bastante convulsionado na sua história, onde imperava sobretudo a fome, a miséria, o desemprego, a exploração, a desesperança das camadas menos favorecidas. Nesse diapasão, talvez, somente com o surgimento de um “Cavaleiro da Esperança” pudesse o País seguir rumo ao seu desenvolvimento político, econômico e social, e não olvidasse o povo tão sofrido e menosprezado.
 No decorrer da alusiva década, o movimento tenentista destacou-se no contexto político, desestruturando as bases de sustentação da chamada República Velha. Esse movimento pregava, entre outras coisas, a moralização da vida pública, a defesa dos interesses econômicos nacionais e a adoção do voto secreto para evitar fraudes eleitorais, ou seja, seus líderes repudiavam veementemente as práticas políticas oligárquicas. Embora com um programa moralizador de certo modo vago, os jovens oficiais (tenentes) entusiasmaram a população, mormente as denominadas camadas médias e baixas. Ressalte-se que eram elevadas as dificuldades do Exército nacional, onde as suas promoções se davam lentamente e os soldos eram assaz reduzidos.
Sinteticamente, as principais revoltas tenentistas foram: Revolução Tenentista de Copacabana (Os Dezoito do Forte, no Rio de Janeiro, em 1922); Rebelião em São Paulo, em 5 de julho de 1924; Rio Grande do Sul, em outubro de 1924; Sedição no Amazonas, em 23 de julho de 1924; COLUNA PRESTES, 1925-1927 – composta pelas colunas paulista, de Miguel Costa,  e gaúcha, de Luís Carlos Prestes.
No que concerne à canção Avante Camaradas, o filme sugere a sua autoria como sendo emanada do “maestro” Antonino Espírito Santo, nos anos de 1920, e tendo como finalidade precípua homenagear a Coluna Prestes. Ocorre que, por ser ouvida freqüentemente nas cerimônias militares, paradas, e também nas comemorações cívicas passou a integralizar o hino do Exército do Brasil, mesmo não havendo sido composta para esse desígnio. Este episódio é assaz inusitado e meio paradoxal, uma vez que o hino revolucionário em prol da Coluna Prestes findou nas mãos justamente das tropas que foram delimitadas para rechaçar e/ou combater a alusiva Coluna, a qual, durante os anos de 1925 a 1927, atravessou por vários Estados brasileiros, como, por exemplo, Bahia, Paraíba, Minas Gerais, Goiás, Pernambuco, e chegando, inclusive, ao Jalapão, hodiernamente Estado do Tocantis, adentrando, a seguir, em território boliviano.
O nome da banda do maestro Antonino Espírito Santo, o qual é natural de Angical, Oeste da Bahia, é denominada Banda Filarmônica Lira Angicalense. Registre-se que os partícipes desse curta-metragem são atores e cidadãos da própria cidade de Angical.
Quando, nos anos 1920, houve a circulação da informação que os componentes da Coluna Prestes aproximavam-se de São Romão, no rio São Francisco, localidade circunvizinha a Angical, e as notícias se propagavam celeremente, através dos jornais, que faziam comentários exaltados acerca da revolta chefiada pelo então capitão Luís Carlos Prestes, toda a sociedade angicalense se dispunha recepcionar de forma ímpar e/ou singular com uma festa dantes nunca vista naquele município. Porém, a priori, todo entusiasmo transformou-se numa decepção imensa por parte de toda a Angical ao perceber que a Coluna Prestes havia se desviado do caminho, seguindo durante alguns dias pela Bahia, adentrando o Maranhão e desviando-se para o Estado de Pernambuco. Registrou-se, na época, uma grande batalha em Piançã, na Paraíba. Em seguida, a Coluna avançou novamente pela Bahia e o povo angicalense ficou entusiasmado. Consoante o filme, Antonino Espírito Santo tocou a marcha Avante Camaradas durante todos os dias no coreto da praça, com a participação dos cidadãos de Angical.
Em uma determinada manhã, logo perceberam, os cidadãos da cidade, que tinham novidades nada agradáveis: um destacamento do Exército encarregado de tentar parar a Coluna Prestes, acabara de acampar em Angical. Porém, de tanto ouvir os acordes do Avante Camaradas toda corporação aprendeu o hino.
Tão logo Prestes chegou à Bolívia, o destacamento foi autorizado a retornar para o Rio de Janeiro. Assim, os soldados foram embora cantando o referido hino, que se disseminou por todo o Brasil e acabou adotado pelo Exército Nacional.
Indubitavelmente, é inconcebível compreendermos a década de 1920 em nosso País sem levarmos em consideração o tenentismo e, mormente, a Coluna Prestes – que esteve, propositalmente, relegada ao esquecimento, no Brasil, durante várias décadas. Considerando a sua magnitude, esse fato histórico (Coluna Prestes) deve ser transmitido para as novas gerações, afinal refere-se à luta pela libertação do País do governo ditatorial de Artur Bernardes, cujo descontentamento de toda a população fazia-se patente. Ela - a Coluna Prestes - se manifesta contra os impostos exorbitantes, a mentira do voto, o amordaçamento da imprensa, as perseguições políticas, o desrespeito a autonomia dos estados.
 Percorreu aproximadamente vinte e cinco mil quilômetros, através de treze estados do País, não tendo sido derrotada em nenhum momento. Os seus opositores e perseguidores, incluindo os principais comandantes do Exército brasileiro, sofreram consideráveis perdas e significativos reveses impostos pelos rebeldes a sua marcha. A Coluna Prestes derrotou dezoito generais. Foi perseguida por tropas heterogêneas, compostas tanto por jagunços dos coronéis, como pelo Exército e pelas Polícias Estaduais. Ela adotava a tática da guerra de movimento e isso lhe garantia a própria sobrevivência em condições muitas vezes extremamente desfavoráveis. Note-se que a Coluna Prestes se transformou num exército bastante popular, tendo sido a sua marcha pelo Brasil importantíssima para que a chama de sublevação dos tenentes continuasse acesa. Foi através da sobrevivência aguerrida dessa Coluna que surgiram diversos levantes tenentistas em vários pontos do País. E esse clima convulsionado favoreceu substancialmente a produção das condições que conduziram a queda da República Velha e a conseqüente vitória da “Revolução de 1930”, o que proporcionou o começo de uma etapa inovadora no desenvolvimento capitalista em nosso País.
Durante o período que esteve no comando da Coluna, deparou-se com um quadro de miserabilidade em grande parte da população do Brasil, e resolveu mudar de tática.  Assim, com essa nova visão do País, o comando da Coluna Prestes decidiu partir para o exílio, adentrando as terras da Bolívia no dia 3 de fevereiro de 1927. Detalhe: os generais do governo locupletaram-se às custas do erário público, que por sua vez ofertava benesses para acabar com os integrantes da Coluna. Em contrapartida, os rebeldes chegaram à Bolívia, apenas com o moral em alta e conscientes de que cumpriram o seu dever, não tendo recebido nenhum pagamento específico ou qualquer tipo de vantagem.
Prestes, no exílio, entrou em contato com a direção do Partido Comunista Brasileiro e iniciou os estudos do marxismo. Ele buscou uma explicação para as causas da situação de miserabilidade da população, que ele mesmo presenciou durante a marcha da Coluna, e a solução para o problema, e chegou a conclusão de que somente no marxismo poderia achar respostas racionais para a referida situação que o afligia. Destarte, a resposta se resumia na extrema necessidade de achar o caminho para a revolução socialista do nosso País.
Com essa nova postura ideológica, aderiu ao programa dos comunistas e, não logrando êxito em trazer para si como aliados alguns de seus ex-companheiros do movimento tenentista, decidiu romper publicamente com os mesmos mediante o Manifesto de Maio de 1930. Alguns anos depois, Prestes se transformou na mais proeminente liderança do movimento comunista no Brasil. Graças a Coluna Prestes que emerge a grande liderança da revolução social, em prol deste País, a saber: Luís Carlos Prestes (1898-1990), militar e político brasileiro, que estudou Engenharia na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro.
Ante o exposto, asseveramos que esse documentário - Avante Camaradas - de Micheline Bondi é extremamente relevante, enriquecedor e instigante no sentido de fazer-nos rememorar parte de nossa história, que não deve jamais ser colocada à margem, ser posta ao ostracismo.  Inequivocamente, o Brasil precisa de cidadãos cônscios, intrépidos, resolutos, prontamente aptos a exercer seus papéis na sociedade em prol de uma melhoria generalizante, seja no âmbito político, econômico, social ou cultural. Dada as devidas proporções, note-se que grande segmento da classe política hodierna pouco difere dos políticos de outrora, no que concerne aos quesitos desonestidade, avareza, compra de votos, troca de favores, corrupção, entre outros. A nós, cidadãos brasileiros, compete-nos, portanto, exigir dos mesmos um tratamento pautado no respeito, dignidade, lealdade, equidade, probidade, moralidade, e nas observâncias das normas legais, principalmente no tocante à Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.


Referências Bibliográficas:

- MIRANDA, Luiz F. A: Dicionário de Cineastas Brasileiros: São Paulo: Editora ART,  1990.
- TRONCA, Ítalo A: Revolução de 30: a dominação oculta: São Paulo: Editora Brasiliense: 8ª edição, 1993 - 2ª reimpressão, 2004.
- BUENO, Eduardo: Brasil: uma história: cinco séculos de um país em construção, São Paulo: Leya, 2010.
-TEIXEIRA, Francisco M. P: Brasil História e Sociedade: São Paulo: Editora Ática, 1ª edição – 6ª impressão: 2006.
- FREITAS NETO, José Alves de; TASINATO, Célio Ricardo: História Geral e do Brasil: São Paulo: Editora Harbra, 2006.
- http://www.millarch.org/artigo/os-curtas-sao-das-mulheres