Por Astromônico Santana Lima.
O presente Relatório faz parte integrante de atividade complementar da Disciplina Temas de História de Sergipe I, ministrada pelo Profº. Dr. Antônio Lindvaldo Sousa, e tem como escopo inferir o nosso entendimento sobre a importância do Seminário em tela, ocorrido no dia 22 de novembro de 2011, na Didática 3 – sala 110 da UFS, cujo tema foi presidido pelos acadêmicos em História Licenciatura Noturno – Crécia Maria, Jorge dos Santos, José Souza e Tony Alan.
A equipe de seminaristas, acima aludida, utilizando-se de recursos oral, vídeo e folder, abordou a temática de forma coerente e plausível, deixando patente quem foi Garcia D’Ávila, a sua chegada ao Brasil, a importância da casa da Torre, e as nove gerações da família D’Ávila.
Garcia D’Ávila chegou ao Brasil na mesma expedição de Tomé de Sousa, em 1549. Consoante a historiografia, ele era filho bastardo de Tomé de Sousa e, por conseguinte, obteve privilégios, regalias e proteção desde o princípio de sua trajetória.
Teve, a priori, uma função burocrata de almoxarife. Em seguida, por ser uma profissão mais lucrativa, deliberou ser senhor de engenho, porém não logrou êxito e decidiu ser criador de gado. Aos vinte e quatro anos era considerado um dos homens mais abastados e poderosos da região, indubitavelmente porque recebia todo auxílio e guarida de Tomé de Sousa.
Portanto, ressalte-se, estão inteiramente entrelaçadas - graças ao elevado grau de parentesco e seus conseqüentes privilégios - as histórias de Garcia D’Ávila e Tomé de Sousa.
A família Garcia D’Ávila, em pouco tempo, constituiu-se em uma das famílias mais poderosas da Bahia e do Brasil. Tão-somente na década de 1940 do século XIX essa família entrou em decadência. O seu domínio se estendeu desde o século XVI até o século XIX. Assim, enquanto existiu o morgado a família dominou.
Parque Histórico Garcia D'Ávila foto Márcia Sierra |
Registre-se que o morgado tratava-se de uma lei criada para que apenas o filho primogênito pudesse receber a herança. Se o filho primogênito recebesse a herança só haveria uma pessoa como herdeiro. Se tivesse mais de um herdeiro a propriedade poderia sucumbir. Uma forma de perpetuar o poder das terras, o poder político, o domínio do castelo, das terras, do gado etc era mantendo a lei do morgado. Quando a lei do morgado desapareceu no século xix e quando o último do D’Ávilas não teve filho, ou seja, não teve herdeiro, a herança passou para parentes próximos e em decorrência disso começou a se fragmentar, dividir o patrimônio, perdendo, assim, todo o domínio que até então havia sobre as terras. Hoje, o local onde fica o castelo Garcia D’Ávila é uma propriedade privada pertence a Otávio Nunes (não tem nada a ver com os D’Ávilas). Embora seja um bem tombado desde 1939, percebe-se que carece urgentemente de uma restauração, mormente no castelo, que se encontra em ruínas. O mesmo se localiza na Mata de São João/BA, que era uma região indígena e fazia parte da missão dos jesuítas.
A família D’Ávila teve início construindo uma relação de parentesco entre brancos e índios e esses índios passaram a ser os trabalhadores e os defensores do patrimônio, formando um exército.
Garcia D´Ávila tinha como inimigos os jesuítas e os capuchinhos. Os Carmelitas sempre foram seus aliados e por conseqüência foram os primeiros a receberem terras na briga em Sergipe contra os jesuítas.
A primeira relação que se tem é como os índios. Ele tinha a mulher legítima e tinha relação sexual com uma índia e surge então a primeira herdeira porque a mulher dele não podia ter filhos. Então essa aliança garantiu um exercito particular e a continuação. Essa família no decorrer de sua ascensão vai fazer parte da lei do morgado e é através dessa lei – que só o filho primogênito pode receber a terra – que deserdaria qualquer um que casasse fora do eixo da família. Havia casamento de sobrinha e tio para garantir a propriedade. Também a garantia de parentesco entre si garantia esse patrimônio.
Os D’Ávilas, a começar por Garcia D’ávila, fizeram investimento em dinheiro e em muitos trabalhadores, inclusive índios para construir o castelo, que simboliza todo o poder dessa família. É monumental até hoje. A vista pelo mar nós temos a idéia de que o castelo é uma representação simbólica do poder e é também uma casa forte de defesa, não foi construído à-toa, está em um local elevado, onde se pode visualizar o mar, e onde se poderia ter estratégia para se defender de eventuais ataques dos índios, dos franceses e holandeses. O castelo no período colonial tinha duas funções, a de moradia da aludida família e a de defesa.
Castelo Garcia D'Ávila e Capela N. S. da Conceição foto Márcia Sierra |
Ressalte-se que é o único castelo da América Latina que tem estilo medieval. A protetora é Nossa Senhora da Conceição, Padroeira de Portugal e de muitos municípios brasileiros.
Ante o exposto, podemos inferir que esse seminário foi bastante proveitoso e esclarecedor para enriquecer os nossos conhecimentos acerca da família Garcia D’Ávila, o castelo e a colonização de Sergipe.
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