O presente Relatório faz parte integrante de atividade complementar da Disciplina Temas de História de Sergipe I, ministrada pelo Profº. Dr. Antônio Lindvaldo Sousa, e tem como escopo inferir o nosso entendimento sobre a importância do Seminário em tela, ocorrido no dia 15 de outubro de 2011, na Fazenda Tejupeba, no município de Itaporanga D’Ajuda/SE, cujo tema foi presidido pelas acadêmicas em História Licenciatura Noturno – Marise Isabel Dantas Souza, Josicarla Machado, Valéria Araújo e Vanessa Gonçalves.
A equipe de seminaristas, acima aludida, utilizando-se de recursos oral e folder, abordou a temática de forma coerente e plausível, deixando patente a participação dos jesuítas no processo de catequização dos índios e a colonização de Sergipe.
Os jesuítas vieram ao Brasil em 1549 na expedição chefiada por Tomé de Souza. Eles se expandiram por todo o território brasileiro com a missão de catequizar e educar os índios. Ressalte-se que essa ordem regular de expansão era subordinada ao Estado português, conforme os preceitos do Padroado Régio. Nesse sentido, GLÓRIA KOK evidencia que “as almas e as riquezas materiais configuram-se como integrantes de um projeto único: o de enriquecer a Metrópole espiritualmente com as almas e financeiramente com as benesses fornecidas pela natureza” (KOK, 2001, P. 76).
A concepção missionária da Companhia de Jesus no Brasil colônia era transformar índios, através do ensino, em bons cristãos. Instruí-los nos hábitos de trabalho dos europeus, e transformá-los em cidadãos flexíveis a coroa Portuguesa.
É inegável que a chegada dos jesuítas em nosso território está relacionada com o movimento da Reforma Protestante, liderado por Martinho Lutero, de grande repercussão, que redundou na motivação da Igreja Católica a dar início a Contra-Reforma. Assim, a forte expansão do movimento de catequese pelos jesuítas aqui no Brasil - grande colônia Portuguesa - ocorreu certamente como uma reação ao crescimento da influência das idéias luteranas, tendo como objetivo combater a expansão do protestantismo e as críticas Reformistas.
No Estado de Sergipe, a presença da Companhia de Jesus é datada de 1575, e foi comandada pelo padre jesuíta Gaspar Lourenço, o qual construiu várias igrejas, expandiu a catequese, e introduziu símbolos e rituais da Igreja Católica no dia a dia dos índios. Dentre as missões constituídas por Gaspar Lourenço, podemos citar: São Thomé, Santo Inácio, e São Paulo, obtendo o apoio dos grandes caciques Serigi, Surubi e Aperipê.
Gaspar Lourenço quando adentrou as terras de Sergipe tinha 40 anos de idade e foi discípulo do Pe. Jesuíta José de Anchieta. Portanto, ele não poderia ser considerado um neófito. Um dos seus expedientes para atrair os índios era a música, catecismo e diversos rituais cristãos.
Note-se que no ano de 1576 a fase inicial de catequização dos índios por parte dos jesuítas tornou-se extremamente dramática e, certamente, interrompida provisoriamente, uma vez que o então governador da Bahia, Luiz de Brito, veio a Sergipe confrontar-se com os índios e as conseqüências dessa empreitada militar não foram nada satisfatórias para a Companhia de Jesus, em que houve, além do extermínio de muitos índios, a escravização de mais de 1000 gentios, sendo os mesmos transportados para a Bahia. As esperanças catequéticas dos jesuítas em nossas terras só foram retomadas em 1590, com Cristóvão de Barros. Nessa volta a Tejupeba, os jesuítas tinham a intenção não só de catequizar os índios como também de criar gado.
Não por acaso, a localização de Tejupeba foi planejada pela proximidade com o rio Vaza-Barris e pelo monte, onde foi construída a igreja. Por ser uma área mais elevada da região, facilitava a visualização da chegada de inimigos, que vinham para atacar a fazenda. No tocante ao alusivo rio, caso algum barco se aproximasse do local os jesuítas tinham a visão geral da área e do seu inimigo, uma vez que estavam em pontos estratégicos. Tejupeba muito se destacou, no cenário nacional, mormente pela construção de embarcações, visto que a região era formada por mata que possuía madeiras de boa qualidade, e muitos jesuítas, inclusive, eram especialistas na construção de barcos.
A arquitetura da Fazenda segue os padrões das construções dos jesuítas e o seu poderio arquitetônico. Após a expulsão dos jesuítas, pelo Marquês de Pombal, em 1759, a Fazenda Tejupeba passou a ser engenho, e em 1764 as terras foram arrematadas por Nicola Mandarino, em 1920 o proprietário tomou posse e deu o nome de Fazenda Iolanda, em homenagem a uma de suas filhas. A mesma foi tombada em 1943, no entanto, evidencia-se a ausência de preservação.
As terras que pertenciam aos jesuítas foram-lhes doadas pelas sesmarias. Assim, construíram um complexo arquitetônico formado pela igreja Nossa Senhora de Lourdes, pelo Colégio, que servia como referência Cristã. A Fazenda foi arrematada no transcurso dos anos pelas famílias Dias, Coelho, Melo e Mandarino.
Os jesuítas atuaram em Sergipe, a princípio, como catequizadores, depois como fazendeiros. E, em outro momento, de pouca relevância, na plantação da cana de açúcar, no final do Século XVIII. A expulsão dos jesuítas ocorreu em 1759 com a Carta Régia do Marquês de Pombal, que determinava a prisão de um padre em Tejupeba e dois em Jaboatão, finalizando o processo de expulsão e participação dos jesuítas em Sergipe e que todas as terras que eram dos jesuítas passaram para particulares.
Isso aconteceu na época em que a Europa vivia a fase do iluminismo, onde propagaram a concepção de que a Igreja trazia as trevas e, por conseguinte, os religiosos deveriam ser expulsos do campo educacional.
Em Portugal, o Marquês de Pombal é considerado um dos grandes heróis, uma vez que tentou varrer, não só de Sergipe, como do Brasil, todos os jesuítas.
Ante o exposto, podemos inferir que esse seminário foi bastante profícuo para ampliação dos nossos conhecimentos acerca dos jesuítas e a colonização de Sergipe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário